sexta-feira, 19 de junho de 2020

Histórias da Minha Infância #2: O dia em que Caruaru tremeu (literalmente) pra valer

Hoje vamos viajar até o dia 30 de junho de 2002, onde a seleção brasileira de futebol conquistou o pentacampeonato e também ficou marcado por ter ocorrido um dos maiores tremores de terra na minha cidade natal, Caruaru, que fica no agreste de Pernambuco. Bom, vamos ao post.

Lembro-me deste dia como se fosse hoje, pois era o dia da grande final entre Brasil e Alemanha – calma, não é o 7 a 1, tá? - e todo mundo tava empolgado com o jogo, cujo horário seria às oito horas da manhã. Eu havia ido à locadora para jogar videogame às sete e já fui logo aconselhado a reservar o tempo restante devido ao grande jogo. Então, simplesmente reservei e fiquei assistindo ao jogo por algum tempo com o pessoal que tava lá e depois fui assistir ao resto do jogo em casa. Chegando lá, eu fui logo para a frente da TV na cozinha para comer alguma coisa enquanto acompanhava o jogo. Eis que chegou o segundo tempo e lá pelos vinte e dois minutos do segundo tempo, Rivaldo chuta a bola, Oliver Kahn deixa a bola escapar e Ronaldo Fenômeno faz o primeiro gol. Olha, a minha rua “explodiu” de alegria e fogos e mais fogos de artifício sendo usados. Fui ver pela janela e a galera da minha rua tava em festa. Era algo inacreditável. Então, voltei para a cozinha e fui acompanhando o jogo e então Kleberson parte em velocidade com a bola e a lança, Rivaldo faz o corta-luz, Ronaldo Fenômeno recebe e chuta no canto sem chance para Oliver Kahn e com isso, conseguiu fazer o segundo gol. Foi mais um festival de fogos de artifício e de gritos de alegria pela minha rua. Quando o jogo acabou, todos saíram para comemorar. Eu voltei à locadora e a galera tava empolgada. O dono tava tão empolgado que me deixou jogar por uma hora além do que eu tinha reservado. Então joguei e depois que o tempo acabou, voltei para a minha casa. Enquanto isso, o pessoal da minha rua tava em festa com direito a muito forró, pois era época de São João e as festividades acabavam justamente no dia 30 de junho. O dia seguiu com muita festa e eu fiquei em casa assistindo à extinta CART, – Fórmula Mundial, no Brasil.

Sei que não falei em nenhum momento do acontecimento central, mas foi necessário relembrar tudo isso porque não tem como não contar esta história sem compartilhar estes momentos de alegria e empolgação. Porém, vamos ao que interessa. Caruaru vinha registrando abalos sísmicos desde maio de 2002, mas eram abalos tão leves que muitas vezes mal sentíamos. Entretanto, neste dia tão alegre, fomos ao mais absoluto terror ainda que tenha sido por alguns segundos, mas nunca me esqueço. Já era início de noite e, depois de tanta empolgação com a conquista do Brasil, todos estavam recolhidos em suas casas. Apenas a locadora estava aberta e certamente tinha alguém jogando. O clima era frio e estava garoando, formando uma neblina. Então, eis que perto das sete horas da noite, a cidade tremeu. Porém, um tremor que parecia leve ganhou contornos de um quase terremoto. Para vocês terem uma ideia, a minha casa tremeu totalmente e surgiu uma rachadura em uma das paredes da sala, fazendo com que eu, minha irmã e meus pais saíssemos correndo para fora de casa. O tremor durou em torno de uns cinco a sete segundos, mas foram segundos de um terror que eu, uma criança de dez anos de idade na época, nunca tinha sentido. Muitos vizinhos já estavam fora e logo os comentários sobre o que acabara de acontecer começaram. Pouco ou muito, cada um exibia um semblante de medo e tensão. Então, fui á locadora e, ao chegar lá, vi que todos estavam bem, mas assustados com o que tinha acontecido. A noite seguiu e depois de algum tempo conversando, todos entraram para as suas casas. No fim das contas, o dia que era pra ser lembrado somente por ter acontecido a grande conquista do futebol brasileiro acabou, de certa forma, ofuscado pelo terror que experimentamos por alguns segundos. 

Enfim, esta foi a história de um dia que começou com muitas alegrias mas que terminou com pitadas de terror e tensão. 

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